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BCP GARANTE NOVA VIDA À AMBAR AO DESBLOQUEAR PLANO DE RECUPERAÇÃO
Depois de quase três meses de impasse, o BCP desistiu dos processos de impugnação e acaba de dar luz verde ao plano de viabilização da Ambar, fabricante de artigos de papelaria, que este ano completa 75 anos.

A administradora da Ambar, Rosa Magalhães, que juntamente com Mario Pinto, director de recursos humanos, lideraram o plano de recuperação, não escondeu a satisfação relativamente ao acordo com o BCP. “É uma notícia fantástica”, declarou Rosa Magalhães ao PÚBLICO, assumindo desde já que “o que vem a seguir é um processo tão árduo como o percorrido até aqui”.

O processo de viabilização, que o BCP contestou no Tribunal do Comércio de Gaia, por discordar de várias formalidades, designadamente a forma como foram contabilizados os votos dos credores, implica a entrada do Fundo Revitalizar Norte, gerido pela sociedade de capital de risco Explorer Investments.

Apesar da incerteza face ao desfecho do plano de viabilização, a administradora Rosa Magalhães confessa que a empresa tem estado a trabalhar no relançamento da sua actividade. Nesse sentido, garante, “tem as novas linhas escolares prontas e vai apresentar novidades ao nível de produtos de papelaria, alguns dos quais tinham sido descontinuados, com aposta em novas cores e novo design”.

A empresa tem objectivos bem definidos e apesar de alguma ressalva face à recuperação económica do país e recuperação de novos e antigos clientes, a administradora espera chegar ao final deste ano com uma facturação de 11 milhões de euros, muito mais do que o valor de 2013, que a responsável disse não valer “a pena revelar”.

Em termos de trabalhadores, Rosa Magalhães espera poder passar dos actuais 50 para 100 colaboradores, parte dos quais se encontra com contratos suspensos. A administradora salvaguarda que o objectivo de alcançar uma centena de trabalhadores no final do ano depende do ritmo dos negócios, recordando que a Ambar tem estado com uma actividade “ muito limitada”.

Em comunicado, a companhia relembra que o processo de recuperação se revelou “difícil, complicado, moroso e imprevisível”. Sem referir o nome do BCP, a administração da empresa refere que “foram levantadas todas as impugnações e recursos que aportavam ainda algumas dúvidas sobre a exequibilidade do projecto [de viabilização]”.

De referir que, sem o acordo do BCP, cujo contornos não foram revelados, o plano de viabilização, aprovado por uma pequeníssima margem de votos, não poderia avançar.

De acordo com a Lusa, uma das condições necessárias para viabilizar a empresa é a utilização pela Ambar de parte do respectivo seguro de pensões, sobre cujo crédito o BCP tem uma garantia constituída.

O plano de viabilização aprovado prevê a realização de uma operação harmónio, ou seja, de redução e aumento de capital, no âmbito do qual entrará o fundo de risco Explorer Investments. Este fundo, que assinará dentro de dias uma carta de intenções onde será discriminado o plano de financiamento, deverá abrir uma linha para a papeleira de até 4,5 milhões de euros.

A Ambar chegou à insolvência com créditos reclamados de 18,8 milhões de euros, dos quais cinco milhões aos mais de 142 trabalhadores e 4,2 milhões ao BCP. Isabel Barbosa, filha de Américo de Sousa Barbosa, fundador da empresa, afastada da administração, reclamava 4,4 milhões de euros e votou a favor do plano de viabilização liderado pelos dois quadros.
 
Fonte: Público